24/01/2007

INTERVALO!

É bom parar... Não para descansar mas para avaliar! Obrigado, por cada remendo, por cada olhar, por cada momento e por cada sorRISO!
obrigado por serem REMENDOS, remendos meus!

21/01/2007

"Correspondencia" - O braço do destino

As reacções foram diferentes, quase opostas: qualquer espontaneidade estaria destinada a culminar num retrocesso que os anos haviam ensinado; contudo, algo naquela situação fazia diminuir o peso imponderável da autoridade nunca antes questionada. A figura de Domitilia pareceu perder volume, ombro a ombro com o desconhecido, de que nem ela havia previsto a existência. Por instantes, pairou no ar um silêncio embaraçoso, no qual cada um procurava em vão referências antigas. Ninguém se terá apercebido do sentimento fugaz que contorceu o rosto de Jocefina; Gertrudes posou enfim o pé no tapete, devagar, como que pisando realmente o terreno incerto. Então, o rapaz apresentou-se. Chamava-se Arcimboldo Uganda e vinha de terras impronunciáveis. Dizia-se de fortuna e posição, apresentava-se como tal, e vinha pedir hospitalidade por algumas noites. É possível que a vulgaridade de tal enunciado se afigurasse extraordinária aos ouvidos daquelas seis almas, tão surdas aos ruídos do mundo. Mas apenas Domitilia se pronunciou, dando ordens para que fossem tomadas as devidas providências. Naquela noite, várias cimeiras tiveram lugar por todo o casarão. Tomaram-se decisões, esmiuçaram-se hipóteses e sentimentos, praticou-se até um pouco de magia negra. Os dados estavam lançados e cada um adormeceria a calcular, exactamente, as probabilidades de saírem a seu favor. Domitilia permaneceu acordada algum tempo. Sentada muito direita, perscrutava a escuridão com o olhar agudo que a idade não embaciara. Quando terminou o exame silencioso à pulsação da casa, ergueu-se. Havia passado muito tempo desde a última vez que a anciã fizera aquele percurso em sentido inverso, carregando um embrulho irrequieto e todo o peso de uma decisão solitária. No entanto, não deixa de ser invulgar que, vinte e três anos depois, o braço do destino a tenha conduzido à porta errada. Gertrudes escutou-a em silêncio
(por Carlota Cunha, a Gertrudes)

12/01/2007

"Correspondencia" - O Inicio

Uma casa, um daqueles recantos do mundo que parecem ter sido esquecidos pela própria memória… A família Cruz Credo sempre aí viveu: em redor da casa, planícies sem fim que quando tocam o horizonte se desfazem em céu. Há muitos anos que estas planícies não sentem passos humanos, há muitos anos que estes campos não saboreiam o cultivo e, assim, na primavera crescem flores silvestres desordeiramente. No entanto, em casa nunca há flores, as jarras já não conhecem senão o pó do tempo e da angústia… Na sala, à volta da longa e majestosa mesa, seis cadeiras reunem a todas as refeições Dona Domitília, Crisálida, sua filha, Gertrudes, Jocefina, Miquelina e Jervásia, suas netas. Três gerações fadadas pela desgraça vivem no silêncio de quem espera pelas horas, na cegueira de quem nada vê para o exterior. A cada passo, há segredos que fazem doer por dentro e em cada olhar, dizem-se coisas que não podem ser ditas. Era Dezembro, o tempo frio, em breve começaria a nevar e tudo estava calmo. A noite caiu e trouxe consigo a brancura dos farrapos celestes, as senhoras da casa apagavam as suas velas e cada quarto, um a um, encontrava o breu. Ninguém sabe quanto tempo passou desde a última chama acesa, o tempo naquele sítio era contado pelas vidas, mas sucedeu que todas ouviram, com espanto, seis pancadas na porta dos fundos. No átrio dos quartos, as cinco uniram os olhares surpresos, embora sem medo. Calmamente, com um passo vagaroso, passou Domitília que, sem levantar os olhos das carpetes, nem sequer se deter para falar, desceu a escadaria. Agia como se aquilo acontecesse todas as noites, apesar de que há vinte anos que não tinham visitas… Ninguém se atreveu a segui-la, as ordens escritas na sua altivez eram claras: ficariam ali e aguardariam. Foram breves os momentos seguintes, ainda que o passo da matriarca fosse lento e a distância grande. Isto porque as mentes de cada uma das cinco voavam em ilusões abafadas pela aparente impavidez. Ainda assim, Gertrudes, a mais nova, batia ao de leve com o pé no chão e quase imperceptivelmente fazia ranger a madeira do soalho. Regressou então Domitília e, atrás de si, um jovem alto e com ar diplomático. Ainda que desmazelado pelo temporal, pela viagem e pelo frio, a sua altivez e o seu requinte eram notórios. As reacções foram diferentes, quase opostas:
(por Rosa Bandeirinha, mais conhecida por Domitilia)

06/01/2007

"Correspondencia" - (O trailler)

A familia Cruz Credo tem um segredo...
E o passado vem para a assombrar...
A vinda de um estranho remexe o passado...
O segredo da avó vai ser desvendado...
A rosa cai das mãos brancas...
E mais sangue é derramado...
A familia Cruz Credo tem muitos segredos...
(brevemente num remendo perto de si)